A postagem de hoje registra uma narrativa curta do escritor curitibano Dalton Trevisan, conhecido como o Vampiro de Curitiba.
Os textos de Trevisan tomaram maior destaque no cenário literário brasileiro no início do século XXI, especialmente por tratar de assuntos de maneira mais objetiva e sempre inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e situações de
significado universal, em que as tramas psicológicas e os costumes são
recriados por meio de uma linguagem concisa e popular, que valoriza os
incidentes do cotidiano sofrido e angustiante
O ciclista
Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na esquina dá com o sinal vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto urbano persegue a morte como trim-trim da campainha: entrega sem derreter sorvete a domicílio.
É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim, liberta o gênio acorrentado ao pedal. Indefeso homem, frágil máquina, arremete impávido colosso, desvia de fininho o poste e o caminhão; o ciclista por muito favor derrubou o boné.
Atropela gentilmente e, vespa furiosa que morde, ei-lo defunto ao perder o ferrão. Guerreiros inimigos trituram com chio de pneus o seu diáfono esqueleto. Se não se estrebucha ali mesmo, bate o pó da roupa e – uma perna mais curta – foge por entre nuvens, a bicicleta no ombro.
Opõe o peito magro ao para-choque do ônibus. Salta a poça d´água no asfalto. Nem só corpo, touro e toureiro, golpeia ferido o ar nos cornos do guidão.
Ao fim do dia, José guarda no canto da casa o pássaro de viagem. Enfrenta o sono trim-trim a pé e, na primeira esquina, avança pelo céu na contramão, trim-trim.
(Dalton Trevisan)
Fonte: http://varaldeleitura.blogspot.com.br/2013/07/contos-de-dalton-trevisan.html
Muito booom o testo aciima.. Torna-se um assunto bem interessante despertando o interesse no leitor.
ResponderExcluirJefferson Nascimento. Hospedagem III
Verdadeiramente um texto bem escrito e narrado, o que já é de se esperar de um escritor tão bom como o Dalton Trevisan. Lembro bem quando a Professora Marília nos mostrou este texto. Muito bom para relembrar o cotidiano de um ciclista, porém percebi que talvez a forma que o ciclista é retratado no texto, remete a ideia de que todos são iguais a ele... mais felizmente nem todos são como ele. Parabéns a todos os ciclistas que presam este esporte.
ResponderExcluirO texto na minha interpretação fala sobre aos que andam de bicicleta e andam sem medo , que muitas vezes passam por situações de sufoco em estradas movimentadas e msm assim seguem para cumpri seus afazeres ...
ResponderExcluirO texto retrata as pessoas q andam de bicicletas! Muito legal o texto. Espero q venha cada vez mais!!!
ResponderExcluirJonathan Nascimento Enfermagem III