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Salve, salve, turm@ que acompanha o blog Diário Virtual de Leitura e se prepara para a Copa do Mundo no Brasil!
A postagem de hoje está relacionada ao grande evento futebolístico que se aproxima e leva-nos a reflexão sobre as decisões que tomamos em nossa vida. O texto de autoria de Luis Fernando Verissimo explora muito bem a estrutura de uma crônica narrativa marcada pelo diálogo entre pai, filho e mãe após uma partida de futebol.
Leia o texto na íntegra a seguir e deixe seus impressões a respeito da leitura. Ah! Para saber mais sobre o autor acesse: http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp Agora vamos a "Aquela bola"!
Na
volta do jogo, o pai dirigindo o carro, a mãe ao seu lado, o garoto no banco de
trás, ninguém dizia nada. Finalmente o pai não se aguentou e falou:
-
Você não podia ter perdido aquela bola, Rogério.
-
Luiz Otávio… – começou a dizer a mãe, mas o pai continuou:
-
Foi a bola do jogo. Você não dividiu, perdeu a bola e eles fizeram o gol.
-
Deixa o menino, Luiz Otávio.
-
Não. Deixa o menino não. Ele tem que aprender que, numa bola dividida como
aquela, se entra pra rachar. O outro, o loirinho, que é do mesmo tamanho dele,
dividiu, ficou com a bola, fez o passe para o gol e eles ganharam o jogo.
-
O loirinho se chama Rubem. É o melhor amigo dele.
-
Não interessa, Margarete. Nessas horas não tem amigo. Em bola dividida, não
existe amigo.
-
E se ele machucasse o Rubem?
-
E se machucasse? O Rubem teve medo de machucar ele? Não teve. Entrou mais
decidido do que ele na bola, ficou com ela e eles ganharam o jogo.
-
Você está dizendo para o seu filho que é mais importante ficar com a bola do
que não machucar um amigo?
-
Estou dizendo que em bola dividida ganha quem entra com mais decisão. Amigo ou
não.
-
Vale rachar a canela de um amigo pra ficar com a bola?
-
Vale entrar com firmeza, só isso. Pé de ferro. Doa a quem doer.
-
É apenas futebol, Luiz Otávio.
-
Aí é que você se engana. Não é apenas futebol. É a vida. Ele tem que aprender
que na vida dele haverão várias ocasiões em que ele terá que dividir a bola pra
rachar e….
-
Haverá – disse Rogério, no banco de trás.
-
O quê?
-
Acho que não é “haverão”. É “haverá”. O verbo haver não…
-
Ah, agora estão corrigindo meu português. Muito bem! Eu não sou apenas o pai
insensível, que quer ver o filho quebrando pernas pra vencer na vida. Também
não sei gramática.
-
Luiz Otávio…
-
Pois fiquem sabendo que o que se aprende na vida é muito mais importante do que
o que se aprende na escola. Está me ouvindo, Rogério? Um dia você ainda vai
agradecer ao seu pai por ter lhe ensinado que na vida vence quem entra nas
divididas pra valer.
-
Como você, Luiz Otávio?
-
O quê?
-
Você dividiu muitas bolas pra subir na vida, Luiz Otávio? Não parece, porque
não subiu.
-
Ora, Margarete…
-
Conta pro Rogério em quantas divididas você entrou na sua vida. Conta por que o
Simão acabou chefe da sua seção enquanto você continuou onde estava. Conta!
-
Margarete…
-
Conta!
-
Eu estava falando em tese…
Luis Fernando Verissimo
Fonte:
http://contobrasileiro.com.br
Achei bem interessante o diálogo entre a família, q o pai não soube compreender o filho. Gostei do texto.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
ResponderExcluirEsse text, nós leva a reflete que: se apontarmos o dedo para alguém, tem três em nossa direção.